quinta-feira, 27 de maio de 2010

Modas...

Pois é, andam pelo país umas modas que dão que pensar.
Hoje em dia a sociedade portuguesa vive muito e sempre viveu do que se passa por esse mundo fora, adquirindo hábitos, bons e menos bons , que nos chegam de toda a parte.
Mas voltando ao tema que me levo abordar esta questão das modas, já tenho reparado que ultimamente muitos rapazes andam com os boxers à mostra.
Sinceramente não sei qual a piada de andarem com as calças para baixo, mas enfim se calhar sabem o que aquilo representa e gostam.
Mas para quem não sabe, aqui fica a história real de homens com calças para baixo.
Esta moda teve origem nas prisões dos Estados Unidos, em que os reclusos, querendo ter relações não podiam ser descobertos, e como se diz na gíria, queriam levar no pacote e então andavam com as calças para baixo deixando à mostra os boxers.
Ora bem, os guardas prisionais não desconfiavam de nada e isto começou a ser código de prisão, para quem queria levar no pacote e também para quem queria comer desse pacote!!

Por isso, se virem alguém na rua com as calças para baixo e os boxers à mostra, já sabem o que significado!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Miminhos Eróticos Parte VI - Nevoeiro

"Mais vale um pássaro na mão que dois a voar."
Estava a conseguir o que queria com Camila, com ela os meus sonhos aos poucos e poucos estavam a concretizar-se.
De colegas de trabalho, passando depois a termos uma amizade, hoje temos também acrescentar intimidade na nossa amizade, é o que se pode chamar de "big-bang", o início de uma possivel relação séria.
Era o que há muito ansiava ter com ela.
E agora de repente, sem nada o prever tenho alguém interessada em mim.
Estou tentado a dizer que não, que já tenho planos.
Quero dizer-te Mafalda para não criares esperanças, pois há muito, mas muito tempo que sonhava por uma oportunidade com Camila.
Mas ao olhar-te, ver-te com esse olhar doce, dás por completo a volta às minhas teorias e lógicas que abundam o meu ser.
Quero dizer-te que não, mas também quero dizer-te que sim.
Será que estava disposto arriscar?
Prescindir de Camila por um dia, isto é, por uma noite, deixa Camila desconfiada, o que vá talvez criar algum mau-estar na nossa relação.
Mas por outro lado poderia conhecer melhor Mafalda, quem sabe não ficaria agradado com ela...

Aiiii, o que ando eu a pensar? Isto não pode estar acontecer-me.
Tenho que seguir a cabeça, tenho de ser adulto ou pelo menos ter uma atitude que demonstre tal coisa.
Por isso o melhor é acabar já com qualquer esperança. Não posso vacilar assim tão rapidamente e de forma tão rápida.

- Mafalda obrigado pelo convite, não estava à espera para te ser sincero.
- Pois, eu não costumo ser assim, normalmente sou uma pessoa reservada, mas não sei porque, sinto-me bem contigo! Mas olha, não estou à espera de ter resposta agora.
Provavelmente já terás outros planos, mas mesmo que não tenhas, o que acho difícil, podes ligar-me mais logo e depois logo se vê, concordas?
- Pode ser Mafalda,então pelas 20.30h eu ligo-te a dar resposta, mas se quiseres posso dá-la agora...
- Não me leves a mal, podes não compreender mas prefiro que ligues a essa hora, talvez um dia venhas a perceber esta minha atitude um pouco infantil.
- Não acho que seja infantil. Cada um tenta lidar com as situações da forma como melhor se adaptam às mesmas!
- Obrigado por compreenderes. Fico à espera do teu telefonema. Até porque estou num quarto de hotel e não tenho nada para fazer.
- Ok. Eu ligo-te então!
- Até logo António.

Despedimos com dois beijos no rosto.
Mal ela saiu pela porta, fiquei com um grave problema entre mãos.
Ligar-lhe à hora prometida para dizer-lhe que não iria.
Fiquei triste porque ia dar uma má noticia e nestas horas que faltam até à minha chamada só piorei as coisas dando-lhe esperança. Uma falsa esperança.
Nem reparei nas horas, mas já tinham passado 5 minutos da hora de saida.
Apressei-me arrumar as minhas tralhas e fui andando para o estacionamento.
Enfiei as coisas pela bagageira adentro e fui para casa.

Um pouco de paz me tinha chegado à alma quando entrei em casa.
A primeira coisa a fazer era refrescar o meu corpo, por isso um bom banho iria deixar-me pronto para o que restava do dia de hoje.
Seriam perto das 19h quando sai do banho e ao entrar no quarto, ouvi o som do meu telemóvel alertar-me que teria uma chamada não atendida.
Deveria ser da Mafalda, provavelmente quereria já resposta, mas por acaso não.
Era dos meus pais.
Devolvi a chamada e atendeu a minha mãe, onde estivemos à conversa uns 10 minutos para por a conversa em dia.
Deixei o telemóvel em cima da mesa e fui andando para o quarto, para me vestir quando o telemóvel volta a ligar.
"Que quereria a minha mãe agora?"
Mas para meu espanto, não era ela, mas sim Camila.

- Oi Camila. Vou só vestir-me e saio já. Tens certeza que não queres que leve nada?
- Olá António...estou a ligar-te porque...vamos ter de cancelar o nosso encontro de hoje.
Desculpa ter de fazer isto, mas surgiu-me um imprevisto de que não estava à espera. Não te posso dar muitos pormenores por agora, mas depois conto-te. São assuntos pessoais meus, desculpa a sério.
- Não peças desculpa, eu compreendo. Custa um pouco não estar contigo, mas acredito que tenha mesmo que ser necessário. Vemo-nos durante o fim de semana?
- Não sei se dá, mas se der digo-te logo ok? Vou ter de desligar. Mais uma vez, desculpa António..
- Não faz mal a sério. Resolve as tuas coisas, nem eu queria que estivéssemos juntos estando tu com assuntos por resolver.
Falamos quando pudermos. Beijoca Camila.
- Um grande beijo António. Desculpa.

E demos por concluida a chamada.
- Bem, isto deixa-me com disponibilidade para sair com Mafalda...mas, o que será que aconteceu com Camila? Deve ter sido algo importante, provavelmente com algum familiar dela. Espero que esteja tudo bem.

Suspirei de alívio e peguei no telemóvel.
- Olá Mafalda, tudo bem? Olha eu sei que estou a ligar-te mais cedo que o previsto, mas sim podemos sair mais logo. Já jantaste?
- Ainda não. Podemos ir jantar a qualquer lado.
- Sim pode ser. Queres que vá buscar-te a que horas?
- Bem podes vir buscar-me pelas 21.15h pode ser? Ainda lembraste em que hotel estou?
- Sim então a essa hora estou aí. Beijoca Mafalda
- Beijo doce António.

Não sei o que vai dar esta noite, mas estou consciente das consequências.

sábado, 15 de maio de 2010

Miminhos Eróticos Parte V - Desassossego interior

Momento pós-almoço.
Tinha a reportagem de Camila para elaborar, mas a concentração tinha ficado noutro lado, noutra parte do mundo qualquer onde eu não estava.
Camila tinha descoberto.
Não sabia que pensar, nem como reagir face a esta descoberta.
Pisei a linha, ultrapassei o limite, agora há que saber lidar com as consequências.
Aos poucos estava a conseguir fazer o trabalho que me competia.
Passava um pouco das 15.30h, quando Camila entra com ar apressado.
- Boa tarde jeitoso!Então estás a safar-te com a reportagem?
- Sim, está quase encaminhado. Chegaste a almoçar?
- Sim almocei durante a viagem de regresso ao jornal. Já vi que estavas bem acompanhado ao almoço!

E puff, algum dia teria de levar com isto.
- Era a companhia de sempre, mas agora com um novo elemento na equipa.
- Sim a Mafalda, ela parece muito simpática. Chegaste a falar com ela?
- Bem sim, o Tiago disse-me para fazer um tour pelo edifício para começar a conhecer os cantos à casa.
- Ah muito bem! Tens tempo para um intervalo?
Momentos aterradores começam a passar-me pela cabeça.
- Sim porquê? Passa-se alguma coisa?
- Passa-se, normalmente a esta hora fazemos intervalos juntos tontinho, já não te lembras? Não me digas que a Mafalda deixou-te bloqueado..

Mas como é que ela sabe do beijo?Foi ela que mandou a sms anónima, só pode, senão para quê este comportamento?
E lá fomos fazer um break.
-Então António, queres jantar comigo mais logo?
Fiquei completamente surpreendido com este convite, isto seria normal?
A minha cabeça já dava voltas e por momentos fiz um breve resumo do dia de hoje e pensava para mim mesmo.
"Conheci a Mafalda, dei uma volta com ela pelo edifício, ela beijou-me no estacionamento, à hora de almoço recebo uma sms anónima a denunciar o beijo e logo de seguida Camila aparece e faz um olhar recriminador. Decidido, fiz questão de pôr um fim a este desassossego.
- Olha recebi uma sms anónima..
- Ah isso, fui eu que mandei porquê? Não gostaste da minha descoberta?
- Que descoberta?
E fiz um olhar surpreendido, esperando que falasse novamente no beijo, quando a minha resposta iria ser de que ela me tinha beijado e não tinha como evitar pois tinha sido surpreendido.
- Quando cheguei fui procurar-te para ver como estava o trabalho a decorrer, mas encontrei o Tiago entretanto que falou-me na Mafalda e que fizeste um visita guiada a ela e daí ter-te enviado a mensagem.

E lancou um sorriso que me deixou receoso.
- Ai não me digas que ficaste assustado eheh, foi só na brincadeira. Não mando sms assim à toa, estava apenas a brincar contigo, a meter-me contigo!

Então, ela não sabia de nada, tinha sido um tiro no escuro, mas que tinha acertado e ela não sabia.
Mas como podia ser se o Tiago estava comigo na mesa, ele não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, a não ser que.. e a minha alma sossegou.
Recordo-me agora que o Tiago teve de ir à casa de banho e muito certamente foi nessa altura que eles se cruzaram.

- Camila és muito brincalhona! Mas sim janto contigo claro. Queres que leve alguma coisa?
- Aparece apenas, e prepara-te porque depois do jantar há sobremesa.
E morde-me a orelha, enquanto que passa a mão pelas minhas pernas.
- Podemos saltar o jantar e passar logo à sobremesa!
- Menino António, não seja guloso, aiai!
Trocámos um sorriso e fomos regressando aos nossos postos de trabalho.
O tempo ia passando, já faltava pouco para a saída quando Mafalda entra e vem ter comigo.
- Olá António, muito trabalho?
- Bem estou quase a terminar, além do mais está quase na hora de saida.
- Sim, olha queria saber uma coisa.
- Diz Mafalda, do que precisas?
- Fazes alguma coisa hoje à noite?

Qual acham que foi a minha resposta?

Recordações de outros tempos

Sei que não vivi nem tão pouco interagi com eles, mas sei que existiram e deixaram um legado, legado esse que as pessoas sabem porque necessitam de o saber.
São poucas as pessoas que de livre vontade os procuram, mas apesar de já não estarem entre nós, continuam a viver na nossa sociedade.
Falo daquelas pessoas, aqueles portugueses de antigamente, que cá estiveram entre o séc.XIX e o séc.XX
Foram cidadãos portugueses que à sua maneira moldaram parte da nossa sociedade, neste caso, a literatura.
Aqueles que mais nostalgia deixam é Gil Vicente, primeiro dramaturgo português, famoso pelo "Auto da Barca do Inferno", entre outras obras também de nome "Auto".
Outro famoso dramaturgo também conhecido e Almada Negreiros. Quem não se lembra do famoso "Morra Dantas pim!", para quem tem saudades dessa "old school" ou para os novos que nunca ouviram falar e estão curiosos aqui fica o seu famoso manifesto anti-Dantas:

Basta pum basta!!!

Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

Abaixo a geração!

Morra o Dantas, morra! Pim!

Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!

Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em seco!

O Dantas é um cigano!

O Dantas é meio cigano!

O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!

O Dantas pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!

O Dantas é um habilidoso!

O Dantas veste-se mal!

O Dantas usa ceroulas de malha!

O Dantas especula e inocula os concubinos!

O Dantas é Dantas!

O Dantas é Júlio!

Morra o Dantas, morra! Pim!

O Dantas fez uma soror Mariana que tanto o podia ser como a soror Inês ou a Inês de Castro, ou a Leonor Teles, ou o Mestre d'Avis, ou a Dona Constança, ou a Nau Catrineta, ou a Maria Rapaz!

E o Dantas teve claque! E o Dantas teve palmas! E o Dantas agradeceu!

O Dantas é um ciganão!

Não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!

Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o Dantas! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Dantas!

Morra o Dantas, morra! Pim!

O Dantas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!

O Dantas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!

O Dantas é um soneto dele-próprio!

O Dantas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.

O Dantas nu é horroroso!

O Dantas cheira mal da boca!

Morra o Dantas, morra! Pim!

O Dantas é o escárnio da consciência!

Se o Dantas é português eu quero ser espanhol!

O Dantas é a vergonha da intelectualidade portuguesa!

O Dantas é a meta da decadência mental!

E ainda há quem não core quando diz admirar o Dantas!

E ainda há quem lhe estenda a mão!

E quem lhe lave a roupa!

E quem tenha dó do Dantas!

E ainda há quem duvide que o Dantas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!

Vocês não sabem quem é a soror Mariana do Dantas? Eu vou-lhes contar:

A princípio, por cartazes, entrevistas e outras preparações com as quais nada temos que ver, pensei tratar-se de soror Mariana Alcoforado a pseudo autora daquelas cartas francesas que dois ilustres senhores desta terra não descansaram enquanto não estragaram pra português, quando subiu o pano também não fui capaz de distinguir porque era noite muito escura e só depois de meio acto é que descobri que era de madrugada porque o bispo de Beja disse que tinha estado à espera do nascer do Sol!

A Mariana vem descendo uma escada estreitíssima mas não vem só, traz também o Chamilly que eu não cheguei a ver, ouvindo apenas uma voz muito conhecida aqui na Brasileira do Chiado. Pouco depois o bispo de Beja é que me disse que ele trazia calções vermelhos.

A Mariana e o Chamilly estão sozinhos em cena, e às escuras, dando a entender perfeitamente que fizeram indecências no quarto. Depois o Chamilly, completamente satisfeito, despede-se e salta pela janela com grande mágoa da freira lacrimosa. E ainda hoje os turistas têm ocasião de observar as grades arrombadas da janela do quinto andar do Convento da Conceição de Beja na Rua do Touro, por onde se diz que fugiu o célebre capitão de cavalos em Paris e dentista em Lisboa.

A Mariana que é histérica começa a chorar desatinadamente nos braços da sua confidente e excelente pau de cabeleira soror Inês.

Vêm descendo pla dita estreitíssima escada, várias Marianas, todas iguais e de candeias acesas, menos uma que usa óculos e bengala e ainda toda curvada prá frente o que quer dizer que é abadessa.

E seria até uma excelente personificação das bruxas de Goya se quando falasse não tivesse aquela voz tão fresca e maviosa da Tia Felicidade da vizinha do lado. E reparando nos dois vultos interroga espaçadamente com cadência, austeridade e imensa falta de corda... Quem está aí?... E de candeias apagadas?

- Foi o vento, dizem as pobres inocentes varadas de terror... E a abadessa que só é velha nos óculos, na bengala e em andar curvada prá frente manda tocar a sineta que é um dó d'alma o ouvi-la assim tão debilitada. Vão todas pró coro, mas eis que, de repente, batem no portão sem se anunciar nem limpar-se da poeira, sobe a escada e entra plo salão um bispo de Beja que quando era novo fez brejeirices com a menina do chocolate.

Agora completamente emendado revela à abadessa que sabe por cartas que há homens que vão às mulheres do convento e que ainda há pouco vira um de cavalos a saltar pla janela. A abadessa diz que efectivamente já há tempos que vinha dando pela falta de galinhas e tão inocentinha, coitada, que naqueles oitenta anos ainda não teve tempo pra descobrir a razão da humanidade estar dividida em homens e mulheres. Depois de sérios embaraços do bispo é que ela deu com o atrevimento e mandou chamar as duas freiras de há pouco com as candeias apagadas. Nesta altura esta peça policial toma uma pedaço d'interesse porque o bispo ora parece um polícia de investigação disfarçado em bispo, ora um bispo com a falta de delicadeza de um polícia d'investigação, e tão perspicaz que descobre em menos de meio minuto o que o público já está farto de saber - que a Mariana dormiu com o Noel. O pior é que a Mariana foi à serra com as indiscrições do bispo e desata a berrar, a berrar como quem se estava marimbando pra tudo aquilo. Esteve mesmo muito perto de se estrear com um par de murros na coroa do bispo no que se mostrou de um atrevimento, de uma insolência e de uma decisão refilona que excedeu todas as expectativas.

Ouve-se uma corneta tocar uma marcha de clarins e Mariana sentindo nas patas dos cavalos toda a alma do seu preferido foi qual pardalito engaiolado a correr até às grades da janela gritar desalmadamente plo seu Noel. Grita, assobia e rodopia e pia e rasga-se e magoa-se e cai de costas com um acidente, do que já previamente tinha avisado o público e o pano cai e o espectador também cai da paciência abaixo e desata numa destas pateadas tão enormes e tão monumentais que todos os jornais de Lisboa no dia seguinte foram unânimes naquele êxito teatral do Dantas.

A única consolação que os espectadores decentes tiveram foi a certeza de que aquilo não era a soror Mariana Alcoforado mas sim uma merdariana-aldantascufurado que tinha cheliques e exageros sexuais.

Continue o senhor Dantas a escrever assim que há-de ganhar muito com o Alcufurado e há-de ver que ainda apanha uma estátua de prata por um ourives do Porto, e uma exposição das maquetes pró seu monumento erecto por subscrição nacional do "Século" a favor dos feridos da guerra, e a Praça de Camões mudada em Praça Dr. Júlio Dantas, e com festas da cidade plos aniversários, e sabonetes em conta "Júlio Dantas" e pasta Dantas prós dentes, e graxa Dantas prás botas e Niveína Dantas, e comprimidos Dantas, e autoclismos Dantas e Dantas, Dantas, Dantas, Dantas... E limonadas Dantas- Magnésia.

E fique sabendo o Dantas que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor de Os Lusíadas é o Dantas que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões.

E fique sabendo o Dantas que se todos fossem como eu, haveria tais munições de manguitos que levariam dois séculos a gastar.

Mas julgais que nisto se resume literatura portuguesa? Não Mil vezes não!

Temos, além disto o Chianca que já fez rimas prá Aljubarrota que deixou de ser a derrota dos Castelhanos pra ser a derrota do Chianca.

E as pinoquices de Vasco Mendonça Alves passadas no tempo da avózinha! E as infelicidades de Ramada Curto! E o talento insólito de Urbano Rodrigues! E as gaitadas do Brun! E as traduções só pra homem do ilustríssimos excelentíssimo senhor Mello Barreto! E o frei Matta Nunes Moxo! E a Inês Sifilítica do Faustino! E as imbecelidades do Sousa Costa! E mais pedantices do Dantas! E Alberto Sousa, o Dantas do desenho! E os jornalistas do Século e da Capital e do Notícias e do Paiz e do Dia e da Nação e da República e da Lucta e de todos, todos os jornais! E os actores de todos os teatros! E todos os pintores das Belas-Artes e todos os artistas de Portugal que eu não gosto. E os da Águia do Porto e os palermas de Coimbra! E a estupidez do Oldemiro César e o Dr. José de Figueiredo Amante do Museu e ah oh os Sousa Pinto hu hi e os burros de cacilhas e os menos do Alfredo Guisado! E (o) raquítico Albino Forjaz de Sampaio, crítico da Lucta a quem Fialho com imensa piada intrujou de que tinha talento! E todos os que são políticos e artistas! E as exposições anuais das Belas-Arte(s)! E todas as maquetas do Marquês de Pombal! E as de Camões em Paris; e os Vaz, os Estrela, os Lacerda, os Lucena, os Rosa, os Costa, os Almeida, os Camacho, os Cunha, os Carneiro, os Barros, os Silva, os Gomes, os velhos, os idiotas, os arranjistas, os impotentes, os celerados, os vendidos, os imbecis, os párias, os ascetas, os Lopes, os Peixotos, os Motta, os Godinho, os Teixeira, os Câmara, os diabo que os leve, os Constantino, os Tertuliano, os Grave, os Mântua, os Bahia, os Mendonça, os Brazão, os Matos, os Alves, os Albuquerques, os Sousas e todos os Dantas que houver por aí!!!!!!!!!

E as convicções urgentes do homem Cristo Pai e as convicções catitas do homem Cristo Filho!...

E os concertos do Blanch! E as estátuas ao leme, ao Eça e ao despertar e a tudo! E tudo o que seja arte em Portugal! E tudo! Tudo por causa do Dantas!

Morra o Dantas, morra! Pim!

Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!

Morra o Dantas, morra! Pim!


Cesário Verde é outro poeta de quem queria falar, ele que é de Caneças, terra onde vivi até aos meus 4 anos talvez. Dele recordo-me de alguns poemas dados na escola, pouco mais do que isso, mas não queria deixá-lo de parte.
E para concluir, para mim, o melhor dos melhores, Fernando Pessoa e os seus 32 heterónimos, sendo que, pelo que se dá na escola são os 3 mais conhecidos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, contudo conhecem-se outro como o semi-heterónimo Bernardo Soares, o seu primeiro heterónimo ainda Pessoa era criança, heterónimo de nome Chevalier de Pas, os ingleses Alexander Search e Charles Robert Anon, um francês Jean Seu e inclusive uma heterónima de seu nome Maria José.
Guardador de rebanhos, de Alberto Caeiro ou Mensagem, de Fernando Pessoa são alguns dos mais conhecidos.

E como diz o ditado "os últimos são os primeiros" termino este post com Luis de Camões, poeta português criador da obra "Os Lusíadas", obra que um dia gostava de ver no cinema.

Podia apresentar mais poetas, dramaturgos, escritores nacionais, mas estes são para mim aqueles que perduram para toda a eternidade, provavelmente para muitos eles estão esquecidos na memória que o tempo levou, mas para mim deixa-me orgulhoso saber que fazem parte da história da minha pátria!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Conversas de jantar

Estava eu muito bem a jantar num certo centro comercial com uma certa pessoa quando, ao nosso lado senta-se um homem e uma mulher, que aparentavam estar entre os 27 e os 34 anos respectivamente.
Estava eu e a minha companhia a termos um jantar agradável quando a "senhora" ao lado decide abrir o livro da sua vida.
E aquilo que ouvimos foi algo do género, do qual não vou ser totalmente explícito, porque fiquei surpreendido com tanta conversa "interessante", por isso deixo apenas os ditados populares desta jovem mulher às portas da menopausa:

" Sabes que eu com 18 anos nunca tinha cozinhado?"

" Na altura eu trabalhava tantas horas como o meu marido, ele trazia para casa 3 mil euros e eu trazia 300 euros. Não tinha de pagar água nem luz, tinha só a renda da casa que pagava 55 euros e o resto comprava cremes para a cara e era por isso que ficava sem dinheiro."

" Eu sempre fui boazinha, mas dei-lhe com o prato na cara!"

" Entretanto o meu marido morreu e eu tive de lhe fazer o funeral, mas com os meus 300 euros não conseguia fazê-lo, o que vale é que ele deixou dinheiro para o seu próprio funeral! "

E isto foi tudo, mas mesmo tudo com um largo sorriso na cara, a dar brutas gargalhadas e quem me conhece sabe como eu sou um pouco brincalhão(gozão)e quantas vezes naquele jantar tentei beber sumo e não consegui por me estar a rir daquela conversa, tanto eu como a minha companhia.
Só não sei como a mulher não se apercebeu de tanta gargalhada ao lado dela!